domingo, 12 de maio de 2013

festa iraniana e mazela afegã



até vir morar na Europa, eu não sabia nada sobre o Irã. Com essa bacana rede que se estabelece entre os estrangeiros,  geralmente a partir do curso de línguas, conheci alguns iranianos. E continuo não conhecendo nada da cultura persa. Mas ela me fascina. Acho que pela surpresa de desconstruir um estereótipo preconceituoso que confunde povo e governo, que me fazia burramente achar que os iranianos eram religiosos extremistas e limitados. Que nada! Pelo menos os que conheci aqui me apresentaram a uma outra imagem: a de um povo alegre, batalhador e que tenta, a duras penas, preservar sua cultura. Outro dia fomos a uma festa de uma amiga iraniana que um dos cursos de alemão me deu. Uma delícia de receptividade, simpatia e alegria. Cada convidado foi apresentado a todo mundo, o que criou uma ambiente super caloroso. Descobrimos que toda festa iraniana, por menor que seja, tem dança (mesmo num pequeno apartamento de um único cômodo na Alemanha, onde o barulho e qualquer incômodo aos vizinhos é impensável depois das 22h!). E que dança!! Me senti dentro de um filme de Bollywood, dentre gregos, russos, mexicanos, americanos, alemães e persas que éramos. 
Ser estrangeiro na Europa tem esse barato de viajar pelo mundo sem nem precisar sair do seu país hospedeiro. Tem-se um mundo numa turma de alemão, ou na rua, ou na academia. Às vezes, são histórias e vidas impressionantes. No meu último curso, tinha um afegão refugiado que foi ameaçado de morte por um grupo extremista que queria informações que ele, que prestava serviço de informática pro governo, tinha. Se ele desse as informações, era morto pelo governo; se não desse, era morto pelo grupo. Disse ao bando que traria informações detalhadas no dia seguinte e pagou todas as suas economias numa fuga ilegal para a Alemanha! Ao chegar aqui sem passaporte e ouvir no aeroporto que seria levado até a polícia, respondeu : "é disso que eu estou precisando!". Ficou 6 meses num abrigo para refugiados políticos enquanto rolava processo para provar sua necessidade de asilo. Fez curso de alemão, foi procurar emprego e agora conseguiu sua autorização de residência. 
E é conhecendo esse mundo de histórias, culturas, multiplicidades e loucuras que as nossas referências, as nossas mazelas, o nosso narcisismo das pequenas diferenças fica pequenininho...

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