missão cumprida,
há 4 horas atrás eu, recém mestra, estava quicando, “querendo dançar
Macarena” (Duarte, 2012!) na escadaria da universidade! Foi uma aflição não ter
pra quem correr pro abraço, pois meus numerosíssimos amigos (duas!) de
Strasbourg não estavam lá e a defesa infelizmente é fechada. Então, depois de
ter que dar conta sozinha da sensação de não caber em mim mesma, a coisa
maníaca do quente da hora foi passando ao longo das minhas demoradas conexões
de trem na viagem de 3 horas de volta pra casa e eu já não sei se sou capaz de
contar de maneira fiel o que rolou naquela salinha, entre euzinha, minha
orientadora e o professor que aqui eles chamam de júri. Caramba, foi muito
bacana!! Apesar de uma cultura, que talvez seja mais mito que qualquer coisa,
dos professores pegarem pesado na defesa e fazerem todo um jogo pra testar sua
capacidade de se defender de fato, eles foram só elogios! A crítica de um foi
que eu atrapalhei o trabalho dele de ter que criticar, pois não havia muito o
que dizer quanto a isso! No momento estou muito metida pra contar de forma mais
humilde que rolou papo de que o meu trabalho era de nível de um doutorado, que
é preciso continuar, que o texto está tão bom e fluido que os dois leram de uma
enfiada só, que é um trabalho muito pertinente, inédito e ao mesmo tempo
autoral, que precisa ser compartilhado, que ensina muita coisa pros franceses e
que até o francês está bom! Enfim, tô mega feliz, rindo daquele início,
registrado aqui, em que me sentia absolutamente incapaz de me expressar, e
minha crença, ao longo de grande parte do processo, de que seria impossível
concluir esse mestrado, ainda mais em um ano. Nossa, não tem muito tempo que
quando me pegava às voltas com a descoberta de uma nova exigência nessa loucura
de ter que desvendar praticamente sozinha o estranho funcionamento de um mestrado em
outro país e em outra língua, eu pensava em desistir. Muitas
vezes me perguntei sobre o sentido de investir em um deslocamento diário tão longo (cruzava a fronteira 2 vezes por dia e às vezes passava 6 horas viajando!), de dividir minha vida que acabava não se fixando nem na Alemanha
nem na França, do esforço de dar conta de obrigações quase escolares numa
lógica acadêmica à qual eu tenho tantas críticas, da dificuldade de lidar com
duas línguas estrangeiras ao mesmo tempo. Na verdade, eu, de fato, não
considerava a hipótese de escrever a dissertação em francês. Lembro que acreditava profundamente que precisaria escrever
em português e mandar traduzir. E não é que não só a bichinha nasceu em francês
mas ficou bonita?! E agora, ironicamente, parece que me cabe fazer um
doutorado! E eu achava que não dava pra coisa acadêmica... Confesso que parir
essa dissertação, apesar de todo o sofrimento, foi tão bacana pra mim que eu já
vinha pensando nisso. Mas depois dessa “indicação obrigatória”, em que os
professores disseram que eu preciso compartilhar meu trabalho, e de toda a
afirmação na dissertação da dimensão da narrativa, da troca, da importância de
simbolizar e de elaborar, acho que preciso pensar seriamente nesse projeto.
Mas, e a minha tão sonhada volta pela Europa?! Bom, pelo visto em vez de férias
e de pesquisa de informações turísticas, eu vou é me ocupar de pesquisar bolsa
e de como começar um doutorado na França e terminar no Brasil. Se alguém tiver
uma dica, é bem-vinda... E feliz dia dos namorados pra você também!